
Notas de rodapé revelam boas curiosidades aos leitores
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Nota de rodapé. Toda pessoa dada à leitura já se deparou com essa criatura na parte de baixo ou na lateral de livros. O leitor curioso certamente bebe nessa fonte para aprofundar conhecimentos. Outros, torcem o nariz para ela. E não sabem o que estão perdendo. “A nota de rodapé muitas vezes é desprezada, justamente por parecer um elemento ‘acessório’ do texto principal”, observa o jornalista e editor da Cepe Diogo Guedes.
Quer um conselho? Não despreze a criatura. “Muitas vezes, notas de rodapé trazem curiosidades saborosas, explicam lacunas que o leitor pode sentir e atestam a fonte de uma afirmação”, informa Diogo Guedes. “Alguns autores de ficção, como David Foster Wallace, fizeram do uso excessivo e livre de notas de rodapé (com notas de rodapé que trazem outras notas de rodapé, por exemplo) um elemento do seu estilo, como em Graça Infinita.”
O critério para colocação da nota de pé de página faz toda a diferença no trabalho final. “Na verdade, a nota deve seguir, num universo ideal, um equilíbrio difícil: aparecer apenas quando necessário e, ao mesmo tempo, não ser parte do fluxo principal do texto. É uma forma de atenuar a presença de uma informação relevante, mas que não pertence ao encadeamento atual do livro”, explica Diogo Guedes.
Para o poeta, romancista, editor e tradutor Wellington de Melo, a nota de rodapé pode ser algo muito importante ou desnecessária. Depende de como é usada. No livro Osman e Hermilo: Correspondências (Cepe, 2019), ela é imprescindível, destaca Wellington de Melo. “As notas de Anco Márcio Tenório Vieira (organizador e prefaciador da publicação) são essenciais para o leitor entender a troca de correspondências entre Osman Lins e Hermilo Borba Filho. Sem a contextualização que ele faz o livro seria apenas uma compilação fac-similar das cartas”, avalia o escritor.
Ao citar o título Barléu - História do Brasil sob o governo de Maurício de Nassau (1636-1644), lançado pela Cepe em 2018, com tradução do original, notas e prefácio de Blanche T. van Berckel-Ebeling Koning, Wellington de Melo também chama a atenção para a importância das notas. Nesse caso, nota de fim porque ocupa a parte final do livro. De acordo com ele, é um recurso editorial utilizado quando a leitura pode fluir sem a anotação na mesma página de referência.
Barléu tem 34 páginas com mais de 300 notas explicativas, capítulo por capítulo, com informações preciosas para o leitor. “A nota, em Barléu, é tão valiosa que funciona como argumento de venda”, sublinha Wellington de Melo. Cada livro, esclarece, demanda uma realidade para as notas. “Há casos em que notas de rodapé podem ser interrupções desnecessárias e servirem mais à organização do autor do que à compreensão dos que o leem”, comenta Diogo Guedes. “Em outros, elas são uma complementação da história”, diz Wellington de Melo.
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