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Laura Cohen Rabelo usa humor cortante em livro de poemas sobre violência de gênero e relações conjugais

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Por Isabela Ferro

Obra mistura humor, crítica social e lirismo para questionar a misoginia e os papéis tradicionais atribuídos às mulheres nas relações afetivas

A escritora Laura Cohen Rabelo lançou o seu mais recente livro, Como Matar Seu Marido, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). A obra reúne poemas que tratam com ironia e humor temas como misoginia, violência de gênero e os papéis impostos às mulheres nas relações afetivas.

Dividido em duas partes (“Um quilo de sal” e “Como matar seu marido”) o livro parte de uma narrativa simbólica de morte do marido e transita por memórias, críticas sociais e observações do cotidiano feminino. A ideia surgiu a partir de um diário iniciado por Laura após seu divórcio, em 2021. “Eu detesto escrever sobre mim mesma, acho que essa coisa confessional não sei fazer bem”, afirma a autora. “Ela [a escritora Flávia Péret] disse que a poesia é um bom gênero para se esconder e isso me satisfez porque tenho dificuldade que saibam da minha vida e eu poderia mentir e inventar à vontade.”

Laura também incorporou falas ouvidas de amigas e trechos de comentários retirados de redes sociais para construir o “coro dos cidadãos”, voz masculina presente na obra. “Busquei vídeos e fotos de conteúdo red pill, posts do Neymar e do Tiago Iorc; falas sobre impotência e calvície, onde os homens comentavam barbaridades e idiotices; apenas copiei, reorganizei e o poema estava pronto”, diz. “Obviamente é tudo irônico, pra gente rir do ridículo desses caras.”

A autora, que já publicou romances e coordena oficinas de escrita, dedica o livro “às divorciadas e àquelas que ainda não conseguiram se libertar”. Para ela, a publicação é um manual simbólico de autonomia. “A gente é a vida toda criada para ser submissa […]. Rir desse ridículo que é a gente abandonar nosso desejo para servir ao desejo de um homem. A gente, se quiser, tem que ser parceira e ter um parceiro de volta.”

A assistente de edição da Cepe, Gianni Gianni, destaca o tom crítico e inventivo da linguagem. “O humor e a erudição são armas de combate contra uma sociedade misógina, que segue tentando enquadrar as mulheres em narrativas limitadas.”

Fonte: Revista O Grito! (30/06/2025)

Foto: Divulgação