
Do interior da Paraíba para o mundo: a vida de Pedro Américo em lançamento da Cepe Editora
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Biografia será apresentada durante a VI Fenelivro, no dia 24 de setembro
A improvável história de um menino prodígio, nascido no Sertão paraibano, que reverteu um futuro incerto através da arte, tornando-se um dos principais pintores do século 19, é apresentada em Além do Ipiranga, a extraordinária vida de Pedro Américo e suas incríveis facetas. O livro, uma coedição da Cepe Editora e da Editora A União (PB), foi escrito pelo advogado Thélio Queiroz Farias e chega às livrarias em meio a duas efemérides que se relacionam: os 179 anos do nascimento do artista e o Bicentenário da Independência, que tem em um de seus quadros (Independência ou Morte!, 1888) uma de suas representações simbólicas.
O livro será lançado no dia 24 de setembro, às 17h30, dentro da programação da sexta edição da Feira Nordestina do Livro (Fenelivro), no Bairro do Recife. Pintor nordestino de notoriedade internacional, respeitado pela elite intelectual e admirado pelo povo, Pedro Américo chegou a reunir públicos de cem mil e 60 mil pessoas em exposições realizadas em Florença (1988) e no Rio de Janeiro (Exposição Geral das Belas Artes da Academia Imperial de 1872), respectivamente.
Fartamente ilustrada, a obra traz em suas 244 páginas fatos inéditos da trajetória do artista. Conta com prefácio do professor, escritor e presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE/SP), Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos, além de textos do artista plástico João Câmara e do presidente da Fundação Portinari, João Cândido Portinari.
A biografia é resultado de cinco anos de pesquisa que levou o autor a revisitar a história de Pedro Américo em fontes localizadas em Areia (cidade natal do pintor), Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, Petrópolis, São Paulo, Florença, Paris, Bruxelas e Lisboa. Para além da pintura, Thélio Farias propõe apresentar talentos pouco conhecidos do artista, que também atuou como desenhista, caricaturista, romancista, poeta, ensaísta, cientista, filósofo, deputado federal, professor e intelectual ativo.
Sobre o artista - Um dos principais nomes da pintura histórica brasileira, autor de telas como A Batalha do Avaí (1872-77), A Carioca (1882), Independência ou Morte! (1888), Tiradentes Supliciado (1893), Pedro Américo nasceu em Real do Brejo Areia (hoje município de Areia), em 29 de abril de 1843. Vindo de família numerosa e de poucos recursos, criou fama desde pequeno por causa do raro talento com os lápis e tintas.
Foi descoberto por acaso, em 1853, pelo naturalista francês Jean Brunet, que ao se deparar com a aptidão do menino, então com dez anos de idade, o contratou como desenhista auxiliar em sua expedição científica que percorreu o Nordeste. Aos 11 anos, seguiu para o Rio de Janeiro onde se tornou aluno interno do Colégio Pedro II. Aos 12 anos, ingressou na Academia Imperial de Belas Artes e, aos 16 anos, fez sua primeira viagem de estudos à Europa, contando com o apoio do imperador Dom Pedro II, um conhecido mecenas.
A história de Pedro Américo, no entanto, foi marcada por adversidades. Comparado a Michelangelo pela imprensa britânica, sofreu críticas, foi acusado de plágio, perdeu o apoio imperial e não foram poucas as situações de fome e dificuldades na Europa apesar da fama. Morreu aos 62 anos, na cidade de Florença, onde vivia. Suas obras integram acervos dos principais museus brasileiros e de coleções particulares.
Entrevista com o autor
Pergunta - Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre o processo de produção do livro…
Thélio Queiroz Farias - Meu pai, o advogado Leidson Farias, sempre atuou profissionalmente na Comarca de Areia. Eu, na infância, o acompanhava e aproveitava para visitar a casa-natal de Pedro Américo. Em 1991, fui pela primeira vez a Florença, na Itália, e me surpreendi com um monumento em homenagem a Pedro Américo, um busto no Palácio que o pintor ocupou. Nessa época escrevi um artigo publicado pelo Diário da Borborema, sobre a surpresa de ver uma grande homenagem na Itália, homenagem que inexistia no Brasil. Então comecei a estudar sobre a vida de Pedro Américo e descobri que o mesmo não foi só o maior pintor brasileiro do século XIX, e que teve múltiplos talentos como de caricaturista, arquiteto, explorador planetário, poeta, romancista, intelectual, político, deputado federal, professor, filósofo, ecologista etc.
Pergunta - No livro o senhor indica que procurou trazer novidades não abordadas por biografias anteriores. Quais, na perspectiva de autor e estudioso, o senhor elencaria como as mais significativas?
Thélio Queiroz Farias - O livro é fruto de mais de cinco anos de pesquisa, de várias viagens a Areia, ao Rio de Janeiro, a São Paulo, a Petrópolis e, principalmente, a cidade de Florença, na Itália, onde moram dois bisnetos de Pedro Américo, Giampaolo Montesi di Figueiredo e Gianpaulo Montesi di Figueiredo, que me franquearam acesso aos documentos pessoais de Pedro Américo, alguns inéditos (que nunca foram pesquisados). Com essa pesquisa, descobri que Pedro Américo naufragou na orla da Grã-Bretanha, perdeu-se no Norte da África e quase foi devorado por um leão. Também relato a prisão de Pedro Américo em Paris, por engano, e as dificuldades que o mesmo passou, inclusive fome. Também tive acesso a documentos de bisnetos brasileiros, como os que estavam com Carlos Cardoso de Oliveira Pires do Rio, inclusive cartas emitidas e recebidas pelo pintor. Assim, investiguei os arquivos públicos e vários arquivos particulares, podendo trazer novidades da vida e, o que é interessante, até mesmo da morte de Pedro Américo, tendo em vista que, com auxílio de um médico e com base nos sintomas que relatava em cartas, descobrimos a causa morte do autor do famoso quadro do Grito do Ipiranga.
Pergunta - Com o livro, além de destacar o legado do pintor Pedro Américo, o senhor apresenta, como propõe o título, o cientista, o filósofo, o professor, o político… O que a história de Pedro Américo pode revelar para os brasileiros e para um país com pouco apreço à memória?
Thélio Queiroz Farias - Esses múltiplos talentos de Pedro Américo impressionam quem se aprofunda na sua história. A faceta de escritor, com a publicação de quatro romances, merece um destaque. Talvez, sua fama internacional de pintor, tenha ofuscado os seus outros talentos. Merece ser realçado sua atuação como deputado federal na primeira legislação da República, quando propôs a criação de universidades, a defesa da educação, inclusive com criação do ensino integral, a criação de museus, enfim, foi um parlamentar muito à frente do seu tempo.
Pergunta - O senhor considera Pedro Américo um “herói” nacional...
Thélio Queiroz Farias - Sim. Não tenho dúvida. Inclusive, todos os brasileiros, ao pensar na cena da Independência, lembram do quadro de Pedro Américo. Foi Pedro Américo quem “civilizou” a Independência, dando glamour a uma cena que era simples e até grotesca, com o príncipe com “dores estomacais”. Também é um herói nacional por ter retratado grandes cenas da história do Brasil, como a “Batalha de Campo Grande”, a “Batalha do Avaí” e várias cenas do Império. Nesse sentido, o Senador da República Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) apresentou no Congresso Nacional projeto de lei para inscrever o nome de Pedro Américo de Figueiredo e Melo como Herói da Pátria, para fins de constar seu nome no livro de aço que se encontra no Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília. O projeto aguarda aprovação no Legislativo.
Pergunta - De que forma a experiência de biografar Pedro Américo o impactou?
Thélio Queiroz Farias - Foi uma experiência mágica porque se trata realmente de um personagem diferente, único, da história do Brasil. Como ressaltou Cardoso de Oliveira, genro e primeiro biógrafo de Pedro Américo, “render culto aos grandes homens é um dever tão sagrado quanto o de amar a nossa Pátria”. Ao mergulhar na vida de Pedro Américo, naveguei por páginas fantásticas da história do Brasil, e acredito que dei minha contribuição para que as novas gerações conheçam a figura de Pedro Américo e que possam se apaixonar pelo mundo dos livros e da história.
Serviço:
Lançamento do livro Além do Ipiranga, a extraordinária vida de Pedro Américo e suas incríveis facetas
Quando: 24.09 (sábado)
Horário: 17h30
Onde: VI Feira Nordestina do Livro - Fenelivro
Endereço: Boulevard Rio Branco – Bairro do Recife
Entrada gratuita
Preço do livro: R$ 90,00
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