
Revista Continente presenteia leitores com obra de Braulio Tavares e Cavani Rosas
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A edição de julho da Continente, revista cultural publicada pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), traz um presente especial para os leitores: um encarte com poema do escritor, compositor, dramaturgo e pesquisador da literatura fantástica, Braulio Tavares, ilustrações do artista plástico Cavani Rosas e design de Edson Maia Cavani Rosas. No texto, denominado Na torre da lua cheia, Braulio Tavares descreve a viagem de um personagem sobre áreas imaginárias completamente devastadas.
“Gosto de visões apocalípticas, gosto de imaginar cenas de um mundo destruído, bizarro, cheio de detalhes enigmáticos. Na introdução ao livro eu cito alguns escritores de ficção científica cujo estilo narrativo eu admiro, e que me serviram de inspiração. Eu considero este poema como sendo de ficção científica – não aquele estilo de ficção científica que procura prever o futuro, mas o que gosta de imaginar pesadelos, imagens surrealistas, mas sem sugerir nem por um instante que elas podem vir a se tornar reais”, declara Braulio Tavares (Foto: Maria Flor Brazil).
O texto, que ele fez em 2006, é publicado agora pela primeira vez. “O poema foi escrito sem a menor intenção de falar do momento que estávamos vivendo naquela época, ele não depende de 2006 nem de 2022. É um poema de imaginação pura. Ficou na gaveta, e num papo casual com Cavani Rosas lembrei dele, porque essas imagens fantásticas são algo que ele desenha muito bem. Eu não costumo escrever coisas ‘retratando o momento atual’, não faço muitas obras ‘datadas’. Se alguém quiser fazer um paralelo desse texto com o momento atual, pode fazer. Como pode fazer também com 1945, ou com 1666, ou com o ano 1000. O mundo é sempre um só”, diz o escritor paraibano.
A narrativa de catástrofes em forma de versos criada por Braulio Tavares chega a um fim, mas como ele mesmo diz: “Esse poema poderia (em tese) ser prolongado indefinidamente, com o personagem sobrevoando centenas, milhares de ambientes. Resolvi dar um encerramento lembrando que no fim das contas, e no fim da vida, tudo se resume à Obra, às coisas que deixamos escritas ou desenhadas. Nossa função, como criadores, é de imaginar. A imaginação é sempre mais rica e mais extensa do que a realidade. A Obra são pequenos vislumbres que a gente tem desse universo mais amplo.”
Cavani Rosas recebeu o poema Na torre da lua cheia há cerca de dois anos, leu os versos apocalípticos e ficou livre para criar as ilustrações, a bico de pena. “Meu trabalho todo está em cima desse universo fantástico, deixei os desenhos fluírem, trabalhei com calma por quase um ano. O livro está saindo na hora certa”, afirma Cavani, que completa 70 anos em 2022 e já pensa numa segunda edição para o poema de Braulio Tavares, impresso no tamanho A-3, como álbum de gravuras.
“Essa é uma parceria que estabelecemos com Braulio Tavares e Cavani Rosas, assim como já fizemos, em edições anteriores, com o Coquetel Molotov, de quem encartamos um fanzine; como o Coletivo Mutirão, de quem encartamos uma revista ilustrada sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao longo dos anos, já encartamos também produtos como discos e DVDs, em geral de artistas pernambucanos. Essas parcerias são muito positivas para estabelecer trocas e laços com artistas das mais variadas áreas da produção cultural, visto que trabalhos realizados por eles chegam aos nossos leitores, junto com a revista”, afirma a jornalista e editora da Continente, Adriana Dória Matos.
A reportagem especial da revista Continente de julho será sobre o brega.
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