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Renato Valle, o artista apresentado sem retoques

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O primeiro grande livro dedicado à sua obra faz parte do catálogo de arte da Cepe Editora

 

Renato Jorge Valle, pernambucano, nascido no bairro da Boa Vista, no Centro do Recife, em 1958, caçula de uma família de seis filhos, desenhista, pintor, gravurista e escultor. A vida e a obra do artista, consagrado nos diversos usos de linguagens e técnicas, são apresentadas em Renato Valle, da Cepe Editora, a ser lançado sábado (17/05), às 15h, no Mamam, Centro do Recife, na abertura da exposição “braꙄil”. Com coordenação editorial do jornalista Bruno Albertim, o livro reúne um conjunto de exposições realizadas no Brasil e oito textos de críticos e curadores para falar sobre a produção do artista, reconhecido como um dos principais nomes da arte contemporânea nacional.

“Creio que me comunico melhor através de imagens, vejo o trabalho como uma forma de expandir o que penso e sinto sobre a vida, a sociedade na qual estou inserido, a comunidade – a cidade, o estado, o país, o planeta. Mas não é um objetivo, é mais uma necessidade incontrolável de me posicionar neste mundo. É como comer, respirar, andar... tudo inevitável e fundamental pra continuar vivendo! Nunca tive outra atividade profissional. Aliás, uma vez meu amigo Montez Magno disse que não se considerava um profissional, mas um vocacional. Isso serve também pra me definir”, declara Renato Valle.

O título, organizado em 292 páginas, integra o catálogo de Arte da editora pública. No texto de abertura, a professora e curadora Joana d’Arc Lima avisa que a leitura não precisa ser linear. “O livro é construído para ser acessado de diversas formas, começando pelo fim ou pelo meio ou pelo começo, ou, como nos ensina Renato Valle, em nós leitores, partícipes da obra”, destaca Joana d’Arc. A trajetória de vida do homenageado e o trabalho artístico são abordados com equilíbrio na publicação. “Sem conhecer um não é possível perceber o outro”, diz ela.

Cada autor revela Renato Valle para os leitores, ao abordar livremente aspectos de sua obra. Os textos são intercalados por imagens de peças e exposições citadas no livro. “Em alguns desenhos de Valle, a mudez se faz tão densa que temos a impressão de terem sido talhados com a ponta de uma faca bem afiada, como na poesia de seu conterrâneo João Cabral de Melo Neto. Alguns deles deixam inclusive marcas e ranhuras visíveis no papel, como se fossem escoriações ritualísticas”, analisa a artista visual baiana e curadora Lilian Maus no artigo "Ensaios sobre dádiva, expurgo e promessa: a paixão silenciosa de Renato Valle".

O curador Marcus Lontra, autor do texto "A arte, a infância e a perversão", faz a seguinte observação: “Entre tantas leituras que o universo artístico de Renato Valle sugere, sempre me perturbaram as imagens dessas crianças rechonchudas, gigantescas, ligando-as a aspectos relacionados com a criação artística e a perversão. O desafio do artista consiste na superação do tempo; toda obra de arte aspira à eternidade. Assim, ao manipular os elementos formais associados à infância, o artista atua de maneira ‘perversa’, já que o produto resultante dessa sua ação acaba por possuir uma verdade bem distante da existente no produto original.”

Estão assinaladas no livro, entre outras, uma exposição de pinturas na Galeria Officina (Recife, 1986), as mostras Objetos inúteis (Galeria Vicente do Rego Monteiro, 1996) e Religiosidade e política na obra de Renato Valle (Galeria Janete Costa, 2017), as séries Augusta com Itu (Residência em São Paulo, 2013), Gludsted (Residência na Dinamarca, 2019) e Retratos de Quarentena (Revista Bandido bom é bandido morto, 2020). “Você tem em suas mãos um resumo substantivo da extensa trajetória artística de Renato Valle”, declara o professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Agnaldo Farias, que assina o texto "Renato Valle, sem retoques".

O primeiro grande livro sobre a obra do artista, que dedica a vida às artes desde 1979, também traz artigos do pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco Moacir dos Anjos, da historiadora da arte e responsável pela área de Educação do Instituto Moreira Salles, Renata Bittencourt, do produtor cultural e editor Diogo Dobbin-Todë e do jornalista e antropólogo Bruno Albertim. “O livro está maravilhoso, me sinto muito honrado em integrar essa coleção de livros de artistas pernambucanos”, afirma Renato Valle.

“Com esta obra, é possível ter acesso a um panorama visual e crítico de um dos principais artistas contemporâneos do Brasil. Renato Valle tem uma produção profunda em mais de um aspecto - diversidade técnica, beleza, ironia crítica e reflexividade -, e reunir essa criação em um só livro evidencia a dimensão e o brilhantismo de sua trajetória”, declara o jornalista e editor da Cepe, Diogo Guedes.

Mostra - A exposição de Renato Valle no Mamam fica em cartaz de 17 de maio a 17 de agosto, com 11 obras inéditas: três pinturas a óleo sobre tela, duas com acrílica sobre tela, dois desenhos feitos com grafite sobre lona crua (um é um políptico com quatro partes), uma impressão em canvas e três objetos. “A série se chama ‘braꙄil’ e a escrita já é simbólica”, observa o artista. “Apenas uma obra pertence à série DIÁLOGOS, ela se encaixa perfeitamente no tema e por isso a inseri na exposição.” O menor trabalho mede 200 X 200 cm. O maior mede 242 X 650 cm. A última individual que ele realizou foi em 2022, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. No Recife, sua última mostra ocorreu em 2019, na Arte Plural Galeria. 

Sobre Renato Valle - Artista premiado, ele iniciou a carreira em 1979, no Recife. De 1988 a 1990 fundou e fez parte do Conselho Editorial do Jornal Edição de Arte e, de 1993 a 1995, foi diretor técnico da Oficina Guaianases de Gravura. Fez sua primeira individual, Pinturas 86, no Recife. De 1986 ao ano 2000, realizou mais quatro individuais e participou de coletivas no Rio de Janeiro (RJ), em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Belém (PA) e Curitiba (PR), além de Portland e Nova Iorque (EUA). Foi contemplado em salões, oficinas, residências e projetos de exposições. Em 2022, publicou a revista Bandido Bom é Bandido Morto.

 

Serviço

O que: Lançamento de Renato Valle e abertura da exposição “braꙄil”, com obras do artista

Quando: 17/05 (sábado)

Hora: 15h

Onde: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), à Rua da Aurora, 265, Boa Vista, Recife

Preço: R$ 170 (impresso)

Entrada gratuita