A Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) divulgou nesta quinta-feira (10) os vencedores do 7º Prêmio Cepe Nacional de Literatura e do 4º Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Infantojuvenil. A categoria Romance foi conquistada pela paulista Fernanda Caleffi Barbetta com 1+1=2 2-1=0. O paraibano Gael Rodrigues arrebatou a categoria de Contos com a obra Lila, enquanto o cearense Dalgo Silva (Dagualberto Barboza Silva) ganhou com Meu Amor é político a categoria Poesia. Melhor livro infantil ficou com Dez baleias na estação esperando pelo trem, do carioca César Américo Barreira Cardoso e o infantojuvenil saiu para A última raposa do mundo, do paulistano Moisés Mendoza Baião. Cada um dos ganhadores receberá uma premiação de R$ 20 mil, além da publicação do livro pela editora.
O livro 1+1=2 2-1=0, de Fernanda Caleffi Barbetta, foi avaliado pela comissão julgadora como “um romance ágil, inovador e lírico, que assume os contornos de uma prosa poética remanescente de Murilo Mendes e Clarice Lispector”. A obra traz como protagonista Izinha que, prestes a completar 15 anos, é aconselhada pela psicóloga a colocar sua história no papel para, dessa forma, compreender melhor o sentimento de inadequação. Listar os eventos de sua vida, no entanto, revelará um inventário de abandonos, enganos e tentativas de redenção.
“Só consigo pensar na personagem-narradora, a Izinha, em como eu contaria para ela sobre esse prêmio, em como ela responderia com sua ironia e sagacidade. Estou tentando contar para mim, contei várias vezes desde que soube, mas ainda não acredito. Talvez a Izinha acreditasse com mais facilidade, porque esse livro é mais dela do que meu. A conquista deste prêmio me traz alegria imensa”, destaca Fernanda, atualmente morando nos Estados Unidos.
Cearense de Maranguape e formado em psicologia, Dalgo Silva conquistou a categoria Poesia com o primeiro livro que escreveu. Os poemas que compõem o título, Meu amor é político, mergulham em temas como homofobia, relações afetivas, masculinidade, infância e família, do ponto de vista de um gay. "Busco, com Meu amor é político, enxergar e anunciar a política das coisas, a política dos gestos, dos encontros, dos corpos, das ausências, das alegrias e das inutilezas da vida. Porque o amor acontece nos grandes conglomerados urbanos, nos becos, nas vielas, nas 'varedas' (que é como minha mãe chama as veredas) e nas veias”, afirma.
Na obra Lila, do escritor Gael Rodrigues (também autor do livro A menina que engoliu um céu estrelado, editado pela Cepe em 2020), os textos têm em comum mulheres do mesmo nome, lugar – a Paraíba em especial – e imagens. As mulheres são Lila. “Lila, apesar de ter contos tão focados em temas atuais, tem como referência a cultura nordestina”, afirma Gael.
Infantil e Infantojuvenil - Escrito em verso e rima, como se fosse um cordel, Dez baleias na estação esperando pelo trem, de César Américo Cardoso, propõe uma leitura divertida a partir de situações surreais do cotidiano que o narrador em primeira pessoa descreve e que logo nos faz imaginar a situação absurdamente engraçada acontecendo. “Escrevi esse livro para os meus netos Jorge e Valentina e para a minha sobrinha Giovana. Eles foram recebendo aos poucos, uma estrofe de cada vez, em várias cartas, que chegavam 15 em 15 dias ou de mês em mês”, revela o autor carioca de 67 anos, que também é poeta, contista e cronista.
Já o infantojuvenil A última raposa do mundo, de Moisés Mendoza Baião, traz uma narrativa distópica sobre a única raposa que restou na Terra e que vive no último andar de um prédio para fugir da nuvem de fumaça. Tratando de temas atuais com inevitáveis pitadas de pessimismo, surgem reflexões sobre crise climática e tecnologia. “A ideia de uma fábula sobre uma raposinha-do-campo que sobreviveu a um apocalipse já existia na minha cabeça antes, mas certamente ganhou um novo sentido quando entramos no isolamento social causado pela pandemia. Foi uma companhia importante pra mim naquele momento difícil. Eu só não poderia prever o caminho que essa raposa tão solitária, com sua coleção de smartphones sem bateria, faria desde 2020 até chegar nesse prêmio. É muito especial!”, declara Moisés, que é escritor e redator formado em Letras pela USP.
A comissão julgadora do 7º Prêmio Cepe Nacional de Literatura foi composta pelos escritores José Luiz Passos, Paloma Vidal e Stephanie Borges. A quarta edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Infantojuvenil foi formada pelos escritores Cícero Belmar, Ana Guadalupe e Ermelinda Ferreira.